domingo, 10 de fevereiro de 2013

Se Era Amor?

Se era amor? Não era. Era outra coisa... Restou uma dor profunda, mas poética. Estou cega, ou quase isso: tenho uma visão embaraçada do que aconteceu. Uma inexistência que machucava, mas ninguém morreu; é um velório sem defunto. Eu era daquele homem e ele era meu. Se não era amor, então era o quê?
Alguns dizem que as pessoas se apaixonam pela sensação de estar amando, e não pelo amado. Eu não acredito nisso, mas é uma possibilidade...Eu estava tão feliz, eu estava plena, eu estava no compasso dos dias e dos fatos. 
Eu estava plena e estava convicta, eu estava tranquila, eu estava cheia de planos, não só para mim, mas planos para nós dois. E de um dia para o outro eu estava sozinha, estava antiga, estava pequena. Parecia o final de um amor... E quando acabou foi como se todas as janelas tivessem se fechado às três da tarde num dia de sol, foi como se a praia ficasse vazia. 
Foi como um programa de televisão que sai do ar e ninguém desliga o aparelho, fica ali o barulho a madrugada inteira, fica o chiado, a falta de imagem e a luz que incômoda no escuro. Foi como estar isolada em um país, onde ninguém fala a sua língua.
Nunca me senti tão desamparada no meu desconhecimento. Quem pode me explicar o que me acontece dentro?
Eu tenho que responder às minhas próprias perguntas. Eu tenho que ser serena para poder aplacar a minha própria demência, e tenho que ser lógica para entender a minha própria confusão. Tenho que ser ao mesmo tempo o veneno e o antídoto.
Se não era amor, era da mesma família. pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência, a saudade, a mágoa, um desespero... Uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não sabe se vai ser antes ou depois de se chocar com o solo. Eu bati a 200 KM/h e estou voltando a pé para casa, avariada.
Será que era só diversão,uma paixonite ou apenas um jogo entre adultos? Talvez seja este o ponto... Talvez eu não seja adulta o suficiente para brincar tão longe do meu pátio, do meu quarto, das minhas bonecas...
Onde é que eu estava com a cabeça em acreditar em contos de fadas, de achar que a gente manda no que sente e que bastaria eu apertar o botão e as luzes se apagariam e eu retornaria para a minha vida, sem sequelas, sem registro de ocorrências, sem estar machucada?
Eu sempre amei aquele homem... Se não era amor, era sorte, travessura, sacanagem? 
Não, não era amor... era algo bem melhor...

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